Tuesday, March 27, 2007
Pescoço, não se usa?
Apenas uma pequena alusão a Caju, virtuoso avançado do Alverca, também conhecido como babysitter de Deco.
Os Saltimbancos do Futebol Nacional
Vítor Vieira. Se for ver ao dicionário a definição de saltimbanco, aparecerá a fotografia do extremo direito ao lado de «artista de circo».
Jogador raçudo, de drible fácil e arranque mortal, Vítor Vieira inexplicavelmente nunca assentou num clube. Duas épocas é o seu recorde. Estranho, no mínimo, se notarmos trata-se de um dos extremos de maior renome no nosso futebol. Quem não consegue fechar os olhos e imaginar as suas subidas no flanco até à linha, onde largava invariavelmente um centro remate para uma zona aleatória da área adversária.
Mas a lista de Saltimbancos não se fica por aqui. Quim Machado, actual número 10 do Dudelange*, clube onde descobriu a veia goleadora, também tinha “fogo no rabo”. O lateral direito de cabelo comprido e enorme propensão para subidas pelo seu flanco, também era alérgico a mais de duas épocas num clube.
*campeão do Luxemburgo
Será que estamos perante jogadores com medo de revelar os seus sentimentos, com dificuldade de compromisso? Tratam-se de valores seguros, que viajam por clubes de igual valia, sempre como titulares. Serão reguilas, peidarrentos? Toda a gente sabe o quão desagradável se pode tornar uma bufa de Vítor Vieira dentro do autocarro do Belenenses numa deslocação a Guimarães. Terão os membros mais veteranos do plantel vetado a continuidade de Vítor no clube da cruz de Cristo? Serão Ivkovic, Teixeira e Mauro Airez assim tão mesquinhos? Ou estaria o balneário a cansar-se das constantes graçolas do extremo em relação ao nome do defesa do lado oposto, Álvaro Gregório, prevendo tempos difíceis com as prováveis contratações de Paulo Madeira e Lula?
Nunca saberemos as respostas para muitas destas perguntas… resta-nos especular, se bem que a hipótese dos traques parece-me duramente provável.
Jogador raçudo, de drible fácil e arranque mortal, Vítor Vieira inexplicavelmente nunca assentou num clube. Duas épocas é o seu recorde. Estranho, no mínimo, se notarmos trata-se de um dos extremos de maior renome no nosso futebol. Quem não consegue fechar os olhos e imaginar as suas subidas no flanco até à linha, onde largava invariavelmente um centro remate para uma zona aleatória da área adversária.
Mas a lista de Saltimbancos não se fica por aqui. Quim Machado, actual número 10 do Dudelange*, clube onde descobriu a veia goleadora, também tinha “fogo no rabo”. O lateral direito de cabelo comprido e enorme propensão para subidas pelo seu flanco, também era alérgico a mais de duas épocas num clube.
*campeão do Luxemburgo
Será que estamos perante jogadores com medo de revelar os seus sentimentos, com dificuldade de compromisso? Tratam-se de valores seguros, que viajam por clubes de igual valia, sempre como titulares. Serão reguilas, peidarrentos? Toda a gente sabe o quão desagradável se pode tornar uma bufa de Vítor Vieira dentro do autocarro do Belenenses numa deslocação a Guimarães. Terão os membros mais veteranos do plantel vetado a continuidade de Vítor no clube da cruz de Cristo? Serão Ivkovic, Teixeira e Mauro Airez assim tão mesquinhos? Ou estaria o balneário a cansar-se das constantes graçolas do extremo em relação ao nome do defesa do lado oposto, Álvaro Gregório, prevendo tempos difíceis com as prováveis contratações de Paulo Madeira e Lula?
Nunca saberemos as respostas para muitas destas perguntas… resta-nos especular, se bem que a hipótese dos traques parece-me duramente provável.
Factos e Figuras: O Sisudo Dane
Impassível e sereno. Com apenas duas palavras Dane Kupresanin é caracterizado.
Nasceu na Bósnia Herzegovina, mais propriamente em Belgrado, no já longínquo ano de 1966. Possuidor de uma estampa física macabra, de 1,84m por 82kg, era um avançado que pura e simplesmente massacrava as defensivas adversárias. Proveniente do Famalicão, clube irrepreensível na arte de abrir as portas e servir de trampolim para jovens jogadores à procura de sorte no relvado, caso de Tanta, Ben Hur ou mesmo Medane, foi no entanto ao serviço do Vitória de Guimarães que Dane alcançou a fama.
Era um ponta de lança da clássica escola balcânica, que nos proporcionou mitos como Darko Pancev, Dragan Lepinjica (conhecido entre nós simplesmente como Lepi), ou mais recentemente Savo Milosevic e Petar Krpan. Fortes e assassinos na cara do golo, com um sangue frio capaz de arrepiar o mais morto dos cadáveres, estes pontas de lança não periclitavam perante nada nem ninguém.
E quem melhor como exemplo do que Dane? Em qualquer imagem, quer estivesse a posar para a caderneta do campeonato, em chamas ou a cair de um precipício rumo ao beijo mortal do asfalto, ou mesmo se estivesse a evacuar um sólido colossal, o bósnio mantinha sempre a mesma expressão de profunda reflexão e marasmo.
Era isto que o diferenciava de outros avançados, quiçá mais dotados tecnicamente ou com maior velocidade, e por isso mais agradáveis aos olhos da torcida. Dane não brincava. Um Constantino ou um Nuno Gomes, ou mesmo um Chiquinho Conde, eram avançados de qualidade indiscutível, mas que falhavam uma significativa quota-parte das oportunidades de que dispunham. Dane não. Dane, Conan o Bárbaro da cidade berço, como ficou conhecido em alguns círculos fechados, podia não ser um grande goleador, mas raramente falhava uma oportunidade de que dispusesse para fazer o gosto ao pé.
Era, essencialmente, um “burro de carga”, mas de apenas 2 pernas, o que fazia do seu papel algo ainda mais notável: levava consigo os defesas, para que os seus companheiros, e principalmente a sua equipa, beneficiassem. Assim sendo, muitos dos nomes sonantes de hoje em dia devem a Dane muita da sua fama. Ícones dos relvados como Gilmar, Zahovic, Pedro Barbosa e Ziad, entre outros, beneficiaram e aprenderam com o possante avançado.
Trata-se novamente de um incomodativo caso de não valorização de um elemento fulcral para o funcionamento da táctica e sucesso do clube. Novo caso de 10+1, em que esse um unia os outros dez em volta da ratoeira táctica que encarnava. Dane era como que a árvore com bananas que atraía todos os macacos (leia-se defesas adversários), para que as outras arvores (leia-se companheiros de equipa) chegassem a bom porto (leia-se marcassem golo).
Apesar de o seu valor não ter sido devidamente reconhecido por grande parte da opinião pública, o Vitória não deixou de valorizar e agradecer o contributo de Dane para o conjunto, pelo que lhe foi atribuída diversas vezes a dorsal 10 do clube. Abandonou o Guimarães no final de 95/96, perante o pesar e as lágrimas daqueles que realmente apreciavam a qualidade de Kupresanin, para se dedicar a tempo inteiro ao seu hobby, jogar ao sisudo*.
*também conhecido como o jogo do "sério".
Lanço aqui apenas uma dúvida em relação a Dane. Imperturbável e sempre com o mesmo semblante, não há provas documentais de que o avançado jugoslavo tivesse dentes. No entanto, parece improvável que tenha ganho aquele corpanzil a comer papas e sopas. Será que Dane tinha uma trituradora em casa, para a qual encaminhava manadas e da qual extraía sumo de novilho, ou será que era possuidor de dentes postiços que não usava nos dias de jogo, de modo a assustar os defesas, sem deixar, no entanto, que as objectivas capturassem esses momentos de intenso terror. Fica a dúvida na mente do leitor…
Nasceu na Bósnia Herzegovina, mais propriamente em Belgrado, no já longínquo ano de 1966. Possuidor de uma estampa física macabra, de 1,84m por 82kg, era um avançado que pura e simplesmente massacrava as defensivas adversárias. Proveniente do Famalicão, clube irrepreensível na arte de abrir as portas e servir de trampolim para jovens jogadores à procura de sorte no relvado, caso de Tanta, Ben Hur ou mesmo Medane, foi no entanto ao serviço do Vitória de Guimarães que Dane alcançou a fama.
Era um ponta de lança da clássica escola balcânica, que nos proporcionou mitos como Darko Pancev, Dragan Lepinjica (conhecido entre nós simplesmente como Lepi), ou mais recentemente Savo Milosevic e Petar Krpan. Fortes e assassinos na cara do golo, com um sangue frio capaz de arrepiar o mais morto dos cadáveres, estes pontas de lança não periclitavam perante nada nem ninguém.
E quem melhor como exemplo do que Dane? Em qualquer imagem, quer estivesse a posar para a caderneta do campeonato, em chamas ou a cair de um precipício rumo ao beijo mortal do asfalto, ou mesmo se estivesse a evacuar um sólido colossal, o bósnio mantinha sempre a mesma expressão de profunda reflexão e marasmo.
Era isto que o diferenciava de outros avançados, quiçá mais dotados tecnicamente ou com maior velocidade, e por isso mais agradáveis aos olhos da torcida. Dane não brincava. Um Constantino ou um Nuno Gomes, ou mesmo um Chiquinho Conde, eram avançados de qualidade indiscutível, mas que falhavam uma significativa quota-parte das oportunidades de que dispunham. Dane não. Dane, Conan o Bárbaro da cidade berço, como ficou conhecido em alguns círculos fechados, podia não ser um grande goleador, mas raramente falhava uma oportunidade de que dispusesse para fazer o gosto ao pé.
Era, essencialmente, um “burro de carga”, mas de apenas 2 pernas, o que fazia do seu papel algo ainda mais notável: levava consigo os defesas, para que os seus companheiros, e principalmente a sua equipa, beneficiassem. Assim sendo, muitos dos nomes sonantes de hoje em dia devem a Dane muita da sua fama. Ícones dos relvados como Gilmar, Zahovic, Pedro Barbosa e Ziad, entre outros, beneficiaram e aprenderam com o possante avançado.
Trata-se novamente de um incomodativo caso de não valorização de um elemento fulcral para o funcionamento da táctica e sucesso do clube. Novo caso de 10+1, em que esse um unia os outros dez em volta da ratoeira táctica que encarnava. Dane era como que a árvore com bananas que atraía todos os macacos (leia-se defesas adversários), para que as outras arvores (leia-se companheiros de equipa) chegassem a bom porto (leia-se marcassem golo).
Apesar de o seu valor não ter sido devidamente reconhecido por grande parte da opinião pública, o Vitória não deixou de valorizar e agradecer o contributo de Dane para o conjunto, pelo que lhe foi atribuída diversas vezes a dorsal 10 do clube. Abandonou o Guimarães no final de 95/96, perante o pesar e as lágrimas daqueles que realmente apreciavam a qualidade de Kupresanin, para se dedicar a tempo inteiro ao seu hobby, jogar ao sisudo*.
*também conhecido como o jogo do "sério".
Lanço aqui apenas uma dúvida em relação a Dane. Imperturbável e sempre com o mesmo semblante, não há provas documentais de que o avançado jugoslavo tivesse dentes. No entanto, parece improvável que tenha ganho aquele corpanzil a comer papas e sopas. Será que Dane tinha uma trituradora em casa, para a qual encaminhava manadas e da qual extraía sumo de novilho, ou será que era possuidor de dentes postiços que não usava nos dias de jogo, de modo a assustar os defesas, sem deixar, no entanto, que as objectivas capturassem esses momentos de intenso terror. Fica a dúvida na mente do leitor…
Mais Olhos Que Barriga
Não há nada mais hilariantemente constrangedor do que um jogador sem noção do seu real valor. É de bom gosto, aquando da primeira aparição na sala de imprensa do clube que acabou de o contratar, sem ter jogado uma única partida, afirmar “espero que este clube seja um trampolim para um grande clube europeu”. Estou a falar de Renato, aquando da sua transferência de Leiria para Alvalade, acompanhado por Leão, e seguindo o mister Carlos Manuel.
Parece mesmo que Leiria é uma Chernobyl por controlar, e que os jogadores do clube desenvolvem um estranho síndrome de gigantismo moral, ou não tivesse Luís Vouzela afirmado de forma veemente que tinha valor para jogar no Inter de Milão. O presidente Moratti estava ocupado a comprar papel higiénico de folha tripla, pelo que se escusou a comentar.
Parece mesmo que Leiria é uma Chernobyl por controlar, e que os jogadores do clube desenvolvem um estranho síndrome de gigantismo moral, ou não tivesse Luís Vouzela afirmado de forma veemente que tinha valor para jogar no Inter de Milão. O presidente Moratti estava ocupado a comprar papel higiénico de folha tripla, pelo que se escusou a comentar.
O Drama dos Maus Penteados - Parte Seguinte
4) O Imperador
Por muito que tentasse, nem o rei da música portuguesa - o grande Marco Paulo, antigo João Simão - conseguiria contemplar as suas legiões de fãs como uma cabeleira farta ao estilo do avançado espanhol Do Santos.
Desportivamente, saiu fiasco, pois não se conseguiu afirmar na capital algarvia. No entanto, foi um marco na história dos penteados em Portugal, dividindo-a no período pré-do santos e pós-do santos.
Muitos pseudo-entendidos no mundo do couro cabeludo podem contestar esta eleição, argumentando que a cabeleira de Paixão é bem mais espessa e impressionante… não contesto isso. No entanto, o Imperador, superior aos reis por defeito, tem que ter “algo mais” do que esses “meros governadores”. E a diferença entre o avançado espanhol e o defesa português é que, enquanto Paixão tem o cabelo ao natural, despenteado como uma zebra selvagem*, Do Santos apresenta-se aos sócios com toda uma idiossincrasia capilar, seguramente cuidada pelos melhores profissionais do ofício. Numa exposição canina, o rafeiro capilar do avançado espanhol seria best of show.
Assim sendo, Do Santos é o imperador capilar do futebol português!
*qualquer incoerência com a secção anterior, em que alegadamente Paixão gastaria 47% do vencimento no salão do cabeleireiro, é um jogo mental que a mente está a pregar ao leitor. Adiante.
5) Efeito-Microfone
6) Nichos Capilares
Por muito que tentasse, nem o rei da música portuguesa - o grande Marco Paulo, antigo João Simão - conseguiria contemplar as suas legiões de fãs como uma cabeleira farta ao estilo do avançado espanhol Do Santos.
Desportivamente, saiu fiasco, pois não se conseguiu afirmar na capital algarvia. No entanto, foi um marco na história dos penteados em Portugal, dividindo-a no período pré-do santos e pós-do santos.
Muitos pseudo-entendidos no mundo do couro cabeludo podem contestar esta eleição, argumentando que a cabeleira de Paixão é bem mais espessa e impressionante… não contesto isso. No entanto, o Imperador, superior aos reis por defeito, tem que ter “algo mais” do que esses “meros governadores”. E a diferença entre o avançado espanhol e o defesa português é que, enquanto Paixão tem o cabelo ao natural, despenteado como uma zebra selvagem*, Do Santos apresenta-se aos sócios com toda uma idiossincrasia capilar, seguramente cuidada pelos melhores profissionais do ofício. Numa exposição canina, o rafeiro capilar do avançado espanhol seria best of show.
Assim sendo, Do Santos é o imperador capilar do futebol português!
*qualquer incoerência com a secção anterior, em que alegadamente Paixão gastaria 47% do vencimento no salão do cabeleireiro, é um jogo mental que a mente está a pregar ao leitor. Adiante.
5) Efeito-Microfone
Se certo dia, junto ao túnel de acesso aos balneários, surpreender um repórter de campo a falar para a cabeça de Sérgio Duarte, não se preocupe. Toda a gente sabe que esses repórteres são as criaturas uni-celulares do jornalismo desportivo, apenas estando junto ao relvado para travar a progressão do esférico após um potente remate de King do meio da rua, ou mesmo para chatear os treinadores antes do início da partida com perguntas extremamente elaboradas: “comentários?”, ou “acha que vai ganhar?”, ou mesmo “em que medida empregou o existencialismo cristão de Kierkegaard na sua palestra aos jogadores esta tarde?”.
Observando agora a fotografia de Sérgio Duarte, as semelhanças com um microfone são gritantes. Assim sendo, trata-se de um erro perfeitamente legítimo por parte das referidas anémonas jornalísticas. Muitos jogadores adoptaram o estranho penteado de modo a usá-lo para aquilo que denominei como “efeito-microfone”. E, claro, trata-se de nova ratoeira táctica!
Observando agora a fotografia de Sérgio Duarte, as semelhanças com um microfone são gritantes. Assim sendo, trata-se de um erro perfeitamente legítimo por parte das referidas anémonas jornalísticas. Muitos jogadores adoptaram o estranho penteado de modo a usá-lo para aquilo que denominei como “efeito-microfone”. E, claro, trata-se de nova ratoeira táctica!
RATOEIRA TÁCTICA NÚMERO 3: O “EFEITO MICROFONE”
O comum jogador da bola tem fome de fama. Com um penteado efeito-microfone, o jogador em questão atraía os adversários com promessas de glória, se simplesmente lhe falassem para o couro cabeludo, dado que à vista desarmada é facilmente confundível com um simples microfone. Aproveitando a distracção alheia, o astuto possuidor do efeito seguia com a bola, criando situações de inevitável perigo para a baliza contrária.
O comum jogador da bola tem fome de fama. Com um penteado efeito-microfone, o jogador em questão atraía os adversários com promessas de glória, se simplesmente lhe falassem para o couro cabeludo, dado que à vista desarmada é facilmente confundível com um simples microfone. Aproveitando a distracção alheia, o astuto possuidor do efeito seguia com a bola, criando situações de inevitável perigo para a baliza contrária.
Como é usual, usar gasta! Assim sendo, aquilo que pode começar como um bonito microfone (exemplo do Sérgio Duarte), pode acabar gasto, despenteado, e com as pontas secas e espigadas. Para isso há champôs e condicionadores.
No entanto, é bom sinal ter o microfone gasto: pode ser sinónimo de que se vem tendo uma boa carreira, e que se usou por diversas vezes o “efeito-microfone”.
Samuel, antigo defesa do Benfica e do Guimarães, teve uma imponente carreira, tendo mesmo sido internacional pela selecção das quinas por 27 ocasiões (5 na «AA»). Jogador velocíssimo, tem justificação para o estado deplorável a que deixou chegar o seu “microfone”.
O mesmo não se pode dizer de Fabrice Alcebiades Maeco, minguado nas lides futebolísticas para um singelo Akwá. Chegou a ser apelidado de novo futuro Eusébio, mas nunca vingou em Portugal, tendo acabado a jogar no Qatar. Talvez tenha sido o “efeito-sombra”* que o envolveu numa enorme depressão, limitando as suas exibições no relvado, o que se reflectiu no estado do couro cabeludo. Mas Akwá ainda é jovem, e está a tempo de engendrar um regresso, se não para se tornar no novo pantera, pelo menos num em 2ª mão.
*outra ratoeira táctica, adiante explorada.
No entanto, é bom sinal ter o microfone gasto: pode ser sinónimo de que se vem tendo uma boa carreira, e que se usou por diversas vezes o “efeito-microfone”.
Samuel, antigo defesa do Benfica e do Guimarães, teve uma imponente carreira, tendo mesmo sido internacional pela selecção das quinas por 27 ocasiões (5 na «AA»). Jogador velocíssimo, tem justificação para o estado deplorável a que deixou chegar o seu “microfone”.
O mesmo não se pode dizer de Fabrice Alcebiades Maeco, minguado nas lides futebolísticas para um singelo Akwá. Chegou a ser apelidado de novo futuro Eusébio, mas nunca vingou em Portugal, tendo acabado a jogar no Qatar. Talvez tenha sido o “efeito-sombra”* que o envolveu numa enorme depressão, limitando as suas exibições no relvado, o que se reflectiu no estado do couro cabeludo. Mas Akwá ainda é jovem, e está a tempo de engendrar um regresso, se não para se tornar no novo pantera, pelo menos num em 2ª mão.
*outra ratoeira táctica, adiante explorada.
6) Nichos Capilares
De quando em vez aparecem uns toucados que, pura e simplesmente, não conseguem ser inseridos em categoria alguma. Falo de nichos capilares, zonas nunca antes sondadas por escovas terrestres.
Mas quem são esses Vascos da Gama do nosso futebol?
Comecemos com o extremo esquerdo gilista Lim, um valor seguro que fazia os 0 aos 100 em pouco mais de dois soluços. No entanto, sempre pecou na finalização e no cabelo. Uma quantidade barbárica de gel ficava no relvado após qualquer jogo da equipa de Barcelos. Chegou-se mesmo a ver Mangonga, isolado, a escorregar num pedaço de gel perdido e a engolir um bife vegetariano.
Depois temos aquele que ficou conhecido como o “franjas”. Eusébio de seu nome, era um trinco de uma estampa física invejável. Chegou mesmo a assustar alguns adversários que julgavam estar perante Frankenstein. A diferença era que nem Eusébio tinha dois ferros a sair das zonas laterais da cabeça, nem Frankenstein se apresentava em campo com esta franja sobre-cortada. De resto, não há que tirar nem pôr.
E já que estou numa onda de analisar as formas estranhas dos penteados de certos jogadores, é apenas um pequeno salto até à análise das formas estranhas das cabeças dos mesmos. E aqui há um senhor que tem a medalha de ouro assegurada. Trata-se de Djukic, jogador do Farense, e a sua cabeça em forma de taça de champanhe.
O próprio Paco Fortes chegou a fazer confusão entre o jogador e a bebida: Estávamos no início da época 91/92, em pleno balneário para o primeiro treino da época. Djukic acabara de ser contratado e o treinador ainda não o conhecia. Ao entrar na mesma sala onde estava sentado o montenegrino, o treinador catalão, há três anos em Faro, diz (frase traduzida de catalão para português):
“Epá, vocês são demais! Onde é que já se viu oferecerem-me uma taça gigante de champanhe para celebrar a terceira palavra que aprendi em português… podiam era ter tirado os pelos lá de dentro… Ah! Desculpa lá, deves ser o Djukic… não me olhes com essa cara, foi um erro legítimo, já te viste ao espelho?”
Mas quem são esses Vascos da Gama do nosso futebol?
Comecemos com o extremo esquerdo gilista Lim, um valor seguro que fazia os 0 aos 100 em pouco mais de dois soluços. No entanto, sempre pecou na finalização e no cabelo. Uma quantidade barbárica de gel ficava no relvado após qualquer jogo da equipa de Barcelos. Chegou-se mesmo a ver Mangonga, isolado, a escorregar num pedaço de gel perdido e a engolir um bife vegetariano.
Depois temos aquele que ficou conhecido como o “franjas”. Eusébio de seu nome, era um trinco de uma estampa física invejável. Chegou mesmo a assustar alguns adversários que julgavam estar perante Frankenstein. A diferença era que nem Eusébio tinha dois ferros a sair das zonas laterais da cabeça, nem Frankenstein se apresentava em campo com esta franja sobre-cortada. De resto, não há que tirar nem pôr.
E já que estou numa onda de analisar as formas estranhas dos penteados de certos jogadores, é apenas um pequeno salto até à análise das formas estranhas das cabeças dos mesmos. E aqui há um senhor que tem a medalha de ouro assegurada. Trata-se de Djukic, jogador do Farense, e a sua cabeça em forma de taça de champanhe.
O próprio Paco Fortes chegou a fazer confusão entre o jogador e a bebida: Estávamos no início da época 91/92, em pleno balneário para o primeiro treino da época. Djukic acabara de ser contratado e o treinador ainda não o conhecia. Ao entrar na mesma sala onde estava sentado o montenegrino, o treinador catalão, há três anos em Faro, diz (frase traduzida de catalão para português):
“Epá, vocês são demais! Onde é que já se viu oferecerem-me uma taça gigante de champanhe para celebrar a terceira palavra que aprendi em português… podiam era ter tirado os pelos lá de dentro… Ah! Desculpa lá, deves ser o Djukic… não me olhes com essa cara, foi um erro legítimo, já te viste ao espelho?”
Acho bem que tenhas uma boa razão para esse cabelo - O Drama dos Maus Penteados
Antes de mais, há que referir que se trata de um tema muito delicado, que requer amaciador. Como muitos cabelos aderiram à moda das extenções, também este capítulo será um pouco maior que o usual. Assim sendo vou dividir, sem anestesia, este capítulo em diversas secções. Estas são: 1) Erros Comuns; 2) Com essa cara também não havia muito a fazer…; 3) Os Reis; 4) O Imperador; 5) Efeito-Microfone; 6) Nichos Capilares.
Estou seguro que muito mau penteado vai passar incólume às minhas bem intencionadas observações. No entanto, sou humano e este livro não tem aspirações a superar o tamanho da bíblia. Assim sendo, os casos que se seguem vão apenas servir de exemplos das diversas “barbaridades” capilares que já vaguearam pelos frescos relvados portucalenses.
1) Erros Comuns
Caro amigo jogador que acabou de atravessar o atlântico para jogar no país irmão: Os cabeleireiros já chegaram a Portugal há algumas décadas, antes mesmo dos dentistas. Se no Brasil não existem porque toda a população activa brasileira se concentra em 2 ocupações, jogadores de futebol e odontologistas, peço desculpa por referenciar os seguintes atletas da terra de Vera Cruz.
Arley Alvarez, jogador do Vitória de Guimarães, central de valor incontestável, mas com um penteado de fazer chorar Isabel Queiroz do Vale. Não está provado, mas pensa-se que terá saído da cidade berço após uma série de casas cometidas após o cabelo lhe ter tapado a visão, e por detrás ser parecido com a mulher do Pimenta Machado.
Os próximos dois visados podem muito bem ser enquadrados na mesma categoria: sebo-para-dar-e-vender. Será o óleo no cabelo grande e encaracolado uma manobra de diversão? Um esquema macabro, sacrificando a imagem pessoal em troca de um mais fácil deslizamento por entre os adversários?
Dinda, médio ofensivo que ganhou fama na União de Leiria devido ao seu fantástico tiro de longa distância, sempre se apresentou com uma gadelha a fazer lembrar uma árvore tropical.
Já o cabelo do central do Leça e do Boavista Isaías nos traz para um plano imaginário mais doméstico, nomeadamente o encantador mundo das esfregonas.
2) Com essa cara também não havia muito a fazer…
Nesta secção vou destacar aqueles que são os jogadores esteticamente menos felizes do futebol nacional. No topo do pódio, como não poderia deixar de ser, apresenta-se o antigo campeão nacional pelo Porto, Jorge Silva.
O seu efeito-medusa tornou-se numa das maiores “RT” das últimas décadas. Medusa, como é do conhecimento público, era aquela madame que tinha serpentes por cabelos, transformando em estátuas todos os que lhe olhassem nos olhos.
Este efeito, no entanto, está apenas ao alcance de um pequeno número de predestinados. Explicando do ponto de vista futebolístico:
O seu efeito-medusa tornou-se numa das maiores “RT” das últimas décadas. Medusa, como é do conhecimento público, era aquela madame que tinha serpentes por cabelos, transformando em estátuas todos os que lhe olhassem nos olhos.
Este efeito, no entanto, está apenas ao alcance de um pequeno número de predestinados. Explicando do ponto de vista futebolístico:
RATOEIRA TÁCTICA NÚMERO 2: O “EFEITO MEDUSA”
Qualquer jogador que fique cara-a-cara com um possuidor do efeito-medusa congela, desperdiçando a oportunidade de golo.
Outro caso que se enquadra nesta sub-secção é o de Mário Artur. Trata-se de um dos expoentes máximos da dinastia “filme de terror”* com que a União de Leiria contemplou os seus adeptos e associados em meados da década de 90. Muitos pesadelos provocou o médio às crianças da cidade, não apenas pelo seu cabelo desgrenhado, mas também pelos seus olhos descentrados, que lhe davam a vantagem em campo, com uma amplitude de visão próxima dos 360º.
* Dinastia "filme de terror" será desenvolvida mais adiante na obra.
Apenas outro jogador rivalizava com Mário Artur em termos de largura óptica: Amaral, o coveiro do Benfica.
Amaral, trinco pouco encorpado mas de grande entrega dentro de campo tinha, como se sabe, um olho para cada lado. Em Portugal usou esse atributo para distribuir jogo como ninguém. No entanto, era demasiado caro para o Benfica e seguiu para a Fiorentina, de nada valendo as contas abertas de angariação de dinheiro para o aguentar no clube da águia.
3) Os Reis
Por muitas décadas que viva, lembrar-me-ei para sempre de dois mitos capilares dos nossos relvados. Jogadores indomáveis, que se exibiam nas tardes de domingo perante a massa associativa de cabelos ao vento, que lhes atribuía um ar de rebelde doidivanas, como que a dizer: “cuidado comigo, sou imprevisível!”.
Estão para o nosso futebol (ao nível de cabelo) como Elvis Presley para o Rock n’ Roll e Fátima Felgueiras para Felgueiras.
Falo, como não poderia deixar de ser, do defesa polivalente do Sporting Clube Farense, Paixão, e do avançado móvel da União Desportiva de Leiria, Pedro Miguel. As suas volumosas cabeleiras estão para estes dois atletas como um dibá* para a Pérsia. Não consigo imaginar a percentagem do vencimento mensal que estes atletas largavam no cabeleireiro.
Segundo dados estatísticos não comprovados, com uma margem de erro de 90%, baseados num inquérito a mim mesmo, cheguei ao valor de 47%.
Palavras para quê, se é assim que eles se sentem bem? Se este era o método utilizado para o incremento da autoconfiança e, assim, para a exponenciação da qualidade das suas actuações dentro das quatro linhas, então qualquer valor até 48% parece-me bastante aceitável. Só me custa aceitar a ignorância das principais marcas nacionais de champôs… como será que justificam o facto destes dois mitos nunca terem feito um reclame a um produto 3 em 1 ou de aumento do volume do cabelo em 70%? Lapsos de marketing que custaram milhões! Certamente que cabeças irão rolar no mercado publicitário nacional, depois de lerem esta minha ideia que escapou a centenas de criativos.
Consigo imaginar todos os sócios da União a usar um desses produtos e, domingo à tarde, com o sol a bater forte nas suas faces, sentavam-se todos nas bancadas do estádio municipal Dr. Magalhães Pessoa, para ver o desafio, formando uma gigantesca e uniforme constituição capilar, governada apenas pelas exigências eólicas.
*Brocado precioso, típico da Pérsia. Está para eles como os tapetes para Arraiolos… ou talvez não.
Como em qualquer monarquia, o herdeiro ao trono é o príncipe. Não sei se daria um bom governante, mas que dá um fabuloso príncipe do ponto de vista capilar, disso não há margem para sufrágio. Falamos do velocíssimo extremo Zito, que marcou uma dinastia em Guimarães e Belém. O seu penteado, digno de um filme sobre o mestre d’Avis, não envergonharia nenhum súbdito.
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