Friday, March 23, 2007

Pequenos Affairs 1: Gaston Taument e o futebol português

Rotulado de vedeta, Gaston acabara de estar presente no Europeu de futebol, onde havia sido presença assídua no onze durante toda a competição. Extremo de grande gabarito, foi contratado ao Feyenoord de Roterdão para tomar de estaca o flanco direito do ataque encarnado. No entanto, o futebol tem destas coisas.

Que coisas? Pergunta o leitor com razão… “coisas” são aqueles factores inexplicáveis, e como tal não têm designação própria, o que me leva a tratá-los por “coisas”, ou mesmo “factores”.
As “coisas” fazem com que situações anómalas e/ou macabras aconteçam. Situações essas nas quais o drama de Taument se enquadra perfeitamente.
Como é possível que um internacional holandês de renome galáctico chegue à luz e não convença num abrir e fechar de olhos, também conhecido com um "piscar de olhos"?
A única explicação plausível que encontro (para ser honesto, não procurei muito) envolve a grande sombra que Gaston enfrentou.
Não a sombra dos seus longos, encaracolados e oleosos cabelos negros, mas sim a sombra deixada pelo seu antecessor, o TGV holandês Glenn Helder, que Taument supostamente viria substituir e fazer esquecer dos calorosos corações benfiquistas.

A tarefa era difícil, senão mesmo ingratamente impossível, para mais quando se joga junto à linha, perto das sempre perigosas velhas do buço (primas dos velhos do restelo pelo lado das mães), com lugar cativo na primeira fila, que passam o jogo todo aos berros, em treino específico para a semana de trabalho. É difícil convencer alguém que, quando um jogador passa com a bola pela linha central do terreno, começa a uivar "chuuuuuuta!".

Para a posteridade fica registado como o jogador mais parecido com O Predador que alguma vez pisou os nossos relvados. Talvez o desfecho da história fosse outro se tivesse usado esse trunfo para arrepiar os pelos da nuca das velhas peixeiras… ou talvez tivesse apenas levado com um bacalhau da Noruega na tromba.


O Drama do clã Gregório – Equívocos com nomes no futebol

Ao longo dos anos, muitos nomes infelizes passaram pelos nossos relvados. Jogadores cujos apelidos ou alcunhas faziam as delícias dos elementos mais gozões de qualquer plantel.

Vamos aqui fazer um pequeno exercício mental. Não vou pedir ao leitor para fechar os olhos, pois não faria sentido, dado que precisa deles abertos para ler. Pode, no entanto, semi-cerrar os olhos, como se estivesse numa tempestade de areia, ou fechar apenas um olho, desde que não cite Os Lusíadas.

Agora imagine-se no balneário do União de Leiria na época de 95-96, antes de um jogo contra o Felgueiras do tridente tobaguenho Lewis-Earl-Clint, comandado pelo gentlemen Jorge Jesus.

O defesa esquerdo do clube do lis, Álvaro Gregório, jogador com créditos firmados no principal escalão nacional, vive num pesadelo. Época após época é gozado de forma esmagadora pelos seus colegas. Desta vez é Paulo Duarte, genro do presidente do clube e, como tal, titular absoluto, que faz troça de Álvaro: “Epá, ontem comi um Kebab que me caiu mesmo mal… fui três vezes ao Álvaro”.

O mister Vítor Manuel, cujo boné faz parte integrante da sua anatomia, continua o massacre: “ok pessoal, quero ver tudo a dar o máximo em campo. Não parem até sentirem o Álvaro a subir-vos pela garganta!”.

Os estrangeiros da equipa, Miroslav (o marcador de penaltis) e Tahar El Khalej (o marcador de pitons em pernas), devido às evidentes dificuldades com o idioma luso, quando se referiam ao lateral utilizavam aquilo que achavam ser uma alcunha carinhosa, “Buahhh!” *.

Muitos especialistas apontam esta como a principal razão para o eclipsar da carreira de Álvaro, outrora visto como dos mais promissores pés esquerdos do nosso futebol.

*som provocado pela acção regurgitante.


Trata-se de um drama apenas comparável ao de outro defesa português… duas épocas antes a mesma graçola era aplicada a Rui Gregório no balneário do Setúbal. Trata-se de situações que normalmente não saem dos balneários, mas que importa denunciar. A diferença foi que Rui era central, mais forte não só física, mas também mentalmente, pelo que suportou bravamente a galhofa dos colegas de balneário.

Tinha também o desconto de dividir o balneário com outros mitos como Hélio (está ainda por confirmar se o nome está relacionado com o timbre da voz), Pica ou mesmo Rosário (um famoso rato atómico).

Isto para não falar nos equívocos a que estes nomes caricatos por vezes davam origem. Trata-se de mais uma aplicação do famoso corolário «a língua portuguesa é muito traiçoeira».

Vítor Manuel berrava no treino: “Álvaro Gregório!”, respondendo o visado: “outra vez mister? Até já vi o guisado de ontem!”. Vítor Manuel ficava estupefacto sempre que o seu pupilo lhe vinha implorar para parar, com uma cara pálida a roçar o transparente, e erguendo o punho mostrando no mesmo a prova incontestável que a bílis havia saído, que o demónio havia sido expurgado com êxito.

Regressando a Setúbal, mas umas épocas depois, não foram raras as vezes que o mister Quinito acabava os treinos com quilos de tábuas a seus pés, após muito incentivar o seu guarda-redes Marco.


Acho que os exemplos apresentados atrás são mais do que prova do drama a que alguns atletas são sujeitos diariamente. Assim, escuso de contar as tragédias gregas de Pedro Espinha, Penteado, Paulo Alves (o treinador da altura, Waseige, não exibia um português fluido, pelo que o chamava por Paulo Aves…), Néné Santarém (neste momento em tribunal como principal réu do caso "aquecimento global"), Quim Machado, Paulo Madeira e, principalmente, Paulo Torres.

Cultura Geral e os Nomes

Fizemos uma sondagem completíssima a um jogador aleatório do Felgueiras, sobre qual seria a capital da Austrália. Ele pensou muito e disse Sidney. Errado!

Outra sondagem completíssima, desta vez em Faro, e a resposta foi Melbourne. Errado.

Invariavelmente, todos os clubes questionados davam uma resposta errada.

Até que chegamos a Vila do Conde e, numa sondagem completíssima, o jogador aleatório respondeu Camberra. Certo!

Está bem que o jogador inquirido estava apenas a chamar o seu colega, homónimo da capital australiana, para o ajudar a responder. No entanto, isso não invalida o facto do Rio Ave ter ganho o prémio para o clube mais culto do futebol nacional.



Situação caricata em Setúbal

Instado e revelar qual a contratação mais sonante que iriam efectuar nessa época, o treinador do clube diz: “Aziz!”. Estupefacto, o jornalista apenas consegue responder: “Não, mas também não é preciso, pois neste quadro escreve-se com marcador!”.

Apenas uma graçola seca para quebrar a tensão.