Tuesday, March 27, 2007

O Drama dos Maus Penteados - Parte Seguinte

4) O Imperador

Por muito que tentasse, nem o rei da música portuguesa - o grande Marco Paulo, antigo João Simão - conseguiria contemplar as suas legiões de fãs como uma cabeleira farta ao estilo do avançado espanhol Do Santos.
Desportivamente, saiu fiasco, pois não se conseguiu afirmar na capital algarvia. No entanto, foi um marco na história dos penteados em Portugal, dividindo-a no período pré-do santos e pós-do santos.
Muitos pseudo-entendidos no mundo do couro cabeludo podem contestar esta eleição, argumentando que a cabeleira de Paixão é bem mais espessa e impressionante… não contesto isso. No entanto, o Imperador, superior aos reis por defeito, tem que ter “algo mais” do que esses “meros governadores”. E a diferença entre o avançado espanhol e o defesa português é que, enquanto Paixão tem o cabelo ao natural, despenteado como uma zebra selvagem*, Do Santos apresenta-se aos sócios com toda uma idiossincrasia capilar, seguramente cuidada pelos melhores profissionais do ofício. Numa exposição canina, o rafeiro capilar do avançado espanhol seria best of show.
Assim sendo, Do Santos é o imperador capilar do futebol português!

*qualquer incoerência com a secção anterior, em que alegadamente Paixão gastaria 47% do vencimento no salão do cabeleireiro, é um jogo mental que a mente está a pregar ao leitor. Adiante.



5) Efeito-Microfone

Se certo dia, junto ao túnel de acesso aos balneários, surpreender um repórter de campo a falar para a cabeça de Sérgio Duarte, não se preocupe. Toda a gente sabe que esses repórteres são as criaturas uni-celulares do jornalismo desportivo, apenas estando junto ao relvado para travar a progressão do esférico após um potente remate de King do meio da rua, ou mesmo para chatear os treinadores antes do início da partida com perguntas extremamente elaboradas: “comentários?”, ou “acha que vai ganhar?”, ou mesmo “em que medida empregou o existencialismo cristão de Kierkegaard na sua palestra aos jogadores esta tarde?”.
Observando agora a fotografia de Sérgio Duarte, as semelhanças com um microfone são gritantes. Assim sendo, trata-se de um erro perfeitamente legítimo por parte das referidas anémonas jornalísticas. Muitos jogadores adoptaram o estranho penteado de modo a usá-lo para aquilo que denominei como “efeito-microfone”. E, claro, trata-se de nova ratoeira táctica!



RATOEIRA TÁCTICA NÚMERO 3: O “EFEITO MICROFONE”

O comum jogador da bola tem fome de fama. Com um penteado efeito-microfone, o jogador em questão atraía os adversários com promessas de glória, se simplesmente lhe falassem para o couro cabeludo, dado que à vista desarmada é facilmente confundível com um simples microfone. Aproveitando a distracção alheia, o astuto possuidor do efeito seguia com a bola, criando situações de inevitável perigo para a baliza contrária.



Como é usual, usar gasta! Assim sendo, aquilo que pode começar como um bonito microfone (exemplo do Sérgio Duarte), pode acabar gasto, despenteado, e com as pontas secas e espigadas. Para isso há champôs e condicionadores.
No entanto, é bom sinal ter o microfone gasto: pode ser sinónimo de que se vem tendo uma boa carreira, e que se usou por diversas vezes o “efeito-microfone”.
Samuel, antigo defesa do Benfica e do Guimarães, teve uma imponente carreira, tendo mesmo sido internacional pela selecção das quinas por 27 ocasiões (5 na «AA»). Jogador velocíssimo, tem justificação para o estado deplorável a que deixou chegar o seu “microfone”.
O mesmo não se pode dizer de Fabrice Alcebiades Maeco, minguado nas lides futebolísticas para um singelo Akwá. Chegou a ser apelidado de novo futuro Eusébio, mas nunca vingou em Portugal, tendo acabado a jogar no Qatar. Talvez tenha sido o “efeito-sombra”* que o envolveu numa enorme depressão, limitando as suas exibições no relvado, o que se reflectiu no estado do couro cabeludo. Mas Akwá ainda é jovem, e está a tempo de engendrar um regresso, se não para se tornar no novo pantera, pelo menos num em 2ª mão.

*outra ratoeira táctica, adiante explorada.



6) Nichos Capilares

De quando em vez aparecem uns toucados que, pura e simplesmente, não conseguem ser inseridos em categoria alguma. Falo de nichos capilares, zonas nunca antes sondadas por escovas terrestres.
Mas quem são esses Vascos da Gama do nosso futebol?
Comecemos com o extremo esquerdo gilista Lim, um valor seguro que fazia os 0 aos 100 em pouco mais de dois soluços. No entanto, sempre pecou na finalização e no cabelo. Uma quantidade barbárica de gel ficava no relvado após qualquer jogo da equipa de Barcelos. Chegou-se mesmo a ver Mangonga, isolado, a escorregar num pedaço de gel perdido e a engolir um bife vegetariano.
Depois temos aquele que ficou conhecido como o “franjas”. Eusébio de seu nome, era um trinco de uma estampa física invejável. Chegou mesmo a assustar alguns adversários que julgavam estar perante Frankenstein. A diferença era que nem Eusébio tinha dois ferros a sair das zonas laterais da cabeça, nem Frankenstein se apresentava em campo com esta franja sobre-cortada. De resto, não há que tirar nem pôr.



E já que estou numa onda de analisar as formas estranhas dos penteados de certos jogadores, é apenas um pequeno salto até à análise das formas estranhas das cabeças dos mesmos. E aqui há um senhor que tem a medalha de ouro assegurada. Trata-se de Djukic, jogador do Farense, e a sua cabeça em forma de taça de champanhe.
O próprio Paco Fortes chegou a fazer confusão entre o jogador e a bebida: Estávamos no início da época 91/92, em pleno balneário para o primeiro treino da época. Djukic acabara de ser contratado e o treinador ainda não o conhecia. Ao entrar na mesma sala onde estava sentado o montenegrino, o treinador catalão, há três anos em Faro, diz (frase traduzida de catalão para português):
“Epá, vocês são demais! Onde é que já se viu oferecerem-me uma taça gigante de champanhe para celebrar a terceira palavra que aprendi em português… podiam era ter tirado os pelos lá de dentro… Ah! Desculpa lá, deves ser o Djukic… não me olhes com essa cara, foi um erro legítimo, já te viste ao espelho?”

1 comment:

El-Gee said...

Q bom recordares sergio duarte pa!! q bom!!