Monday, May 21, 2007

Senta... Bonito! - O Drama dos Defesas Mansos

Um defensor quer-se grande, feio e mau. Não precisa de saber o que é uma bola. Se pusessem o Abominável Homem das Neves a central do Salgueiros, aposto que todos os avançados escolheriam ser marcados pelo Milovac.
É do conhecimento geral que os treinadores escolhem os seus centrais baseados na parecença dos mesmos com serial killers, jogadores capazes de provocar um massacre com uma mera entrada a pés juntos.

Aqui temos novamente uma secção em que um jogador se destaca dos demais. Qual galã de Hollywood constantemente a mostrar o teclado, qual elefante sempre com os marfins de fora, este defesa direito fez parte da dinastia brasuco-jugoslava do União da Madeira de meados dos anos 90.
Como é óbvio, falamos de Milton Mendes, o eternamente sorridente brasileiro que passeou a sua alegria também por Espinho.
Qualquer extremo esquerdo, ao ver-se frente a frente com um eternamente sorridente defesa direito, vai pensar: Este é mansinho. Senta… bonito! Toma um biscoito”, ou então conta uma anedota comedidamente picante e passa por dentro enquanto Milton fica na linha lateral a rebolar de tanto rir. Para lateral quer-se um bicho mau e aguerrido, um Paixão (cara de mau) ou um Nito (cara de serial killer), e não o melhor amigo de toda a gente: “Então meu, estás porreiro? Passa, estás a vontade, sabes que o meu flanco é o teu flanco!”. Um defesa, para se dar ao luxo de ser sorridente, tem de ter balas no lugar de dentes.



Entrando agora num aparte, contudo ainda dentro do drama dos defesas mansos, passo a falar de uma ligação muito chegada:


O Palavrão e o Futebol

O palavrão e o futebol estão ligados como a mãe e o recém-nascido (antes do corte do cordão umbilical, obviamente). Jogador que não solte uma bela gosma de vez em quando, não faz a sua parte pela manutenção dos relvados nacionais como os mais verdes da península ibérica. Mas isto agora nada tem a ver.
O palavrão é parte integrante do estilo de jogo de um atleta: “É bom no jogo aéreo, algo duro de rins, mas muito malcriado, um verdadeiro ordinarão. Uma mãe jamais estará a salvo enquanto este atleta estiver no terreno de jogo” pode ser uma bela descrição de um defesa central.

Voltando ao drama da mansidão, convoco aqui e agora o defesa central Paulo Sérgio. Um bom jogador, com provas dadas no futebol nacional. No entanto, algo faltou para que tivesse “dado o salto”. Terá sido a sorte? Um golo a um grande normalmente carimba a transferência a um jogador perfeitamente comum. No entanto, o caso de Paulo em nada teve a ver com a sorte.
Olhando para a sua expressão, não o conseguimos imaginar a intimidar os jogadores adversários com palavras de calibre superior a “canalha”, “patife”, “caceteiro”, ou mesmo “idolatrador de satã”. Isto, no mundo da bola que mais se assemelha a uma selva, é sentença de morte por asfixia para qualquer jogador.
Triste desenlace teve a carreira deste bom defesa, que ainda por cima tinha atletas com a “escola toda” a jogar consigo no Farense, casos de Paixão, Carlos Costa e Miguel Serôdio, os quais poderia – e deveria - ter consultado.

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