Monday, May 21, 2007

As Maiores Tristezas do Futebol

Nem só de alegrias vive o futebol. Há drama no dia-a-dia do desporto rei, tal qual a vida da qual é parte integrante.
Muita gente pode achar que as tristezas se restringem à perna do Jokanovic a apontar para o Sado enquanto que o pé apontava para o Douro. Outros dirão que triste, triste, é o cabelo do Paixão. Ainda há um ou outro que chorou quando Sérgio Cruz abandonou o futebol ou quando Mandla Zwane deixou os relvados nacionais.
Para mim a maior tristeza inerente ao futebol é a incapacidade de sobrepor gerações. Nunca ninguém saberá qual era realmente o melhor jogador do mundo, dado que não jogaram todos na mesma época, enfrentando o mesmo tipo de futebol. Nomes como Pélé, Maradona, Latapy ou mesmo Zidane ficarão para sempre rotulados de mágicos, de predestinados, mas nunca haverá uma aproximação aceitável a um consenso sobre qual seria realmente o melhor.

Passando estes deliciosos mas impossíveis confrontos para o panorama nacional, há um confronto que muitas pessoas estariam em pulgas para assistir, qual Tyson vs. Lewis, ou melhor dizendo, David vs. Golias.
Trata-se, obviamente, do choque de titãs a meio campo que nos proporcionaria um Porto de meados dos anos 90 com um Benfica mais actual. De azul e branco equipava um mago cuja dimensão não traduzia o talento futebolístico. Falo do desproporcional Rui Barros. Igualmente desproporcional no rácio tamanho/talento, mas para o extremo oposto, está o antigo trinco que equipou de águia ao peito, Fernando Aguiar.


Com um mero exercício imaginário, vislumbro o ex-monegasco, de bola dominada junto ao pé direito, a passar por debaixo das pernas do internacional canadiano e, perdoem-me o sentimentalismo, mas não consigo conter a lágrima. Seria um confronto que, se tivesse acontecido, certamente daria origem a diversas obras literárias de qualidade acima da estatura do sucessor de Platini na Vecchia Signora.

Claramente que Rui nem sempre poderia levar a melhor. Estatisticamente, mais tarde ou mais cedo Aguiar tinha de ganhar algum despique. Ou então aconteceria o acidente mais que provável: no meio do jogo rui desaparecia. Jogadores e árbitros entram numa busca incessante pelo jogador, que é finalmente encontrado colado à sola de Aguiar, que o havia pisado involuntariamente. A pata de Fernando Aguiar provavelmente será do tamanho de um kart, que é o veículo de transporte mais ajustado à dimensão de Rui Barros.

Qualquer outro confronto que eu destacasse aqui seria invariavelmente reduzido a pó perante a imponência do Barros vs. Aguiar, por isso achei melhor terminar por aqui esta secção, sem no entanto imaginar o trinco, no final da partida e depois de sofrer muitas reviengas e rodriguinhos no relvado, a engolir o fantasista em pleno túnel de acesso aos balneários, sem sequer mastigar. Chegando ao balneário da equipa, solta um valente arroto cujo odor é prontamente contestado pelo eternamente suadinho mister Camacho: “mas que pivete é este a Rui Barros, Aguiar???”. É tudo uma questão de escala.

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