Parte IV: Travessias no deserto e o efeito-sombra
Quando um influente e famoso jogador sai de um clube, apresenta-se ao treinador a difícil e delicada tarefa de contratar nova mais valia para ocupar o lugar vago. Esta situação é muito sensível, pois o nível de exigência imposto à nova coqueluche é enorme. Ele terá a missão de, ao entrar em campo, “exorcizar o fantasma” do antigo craque. O jogador pode ser muito bom, mas se não conseguir fazer esquecer o seu predecessor, então a sua carreira no clube estará comprometida.
O maior exemplo desta situação aconteceu nas Antas, quando Vítor Baía abandonou o clube para ir jogar na Catalunha. O fantasma era gigante e intimidador. Diversos bravos guerreiros entraram nas masmorras das Antas de arma em punho dispostos a exorcizar o espectro de Baía. No entanto todas as tentativas saíram goradas, tendo o fantasma ceifado meia dúzia de carreiras.
Wozniak, internacional polaco, Lars Eriksson, Rui Correia, Pedro Espinha, Ivica Kralj e Costinha, todos eles tentaram sem sucesso calçar os grandes tamancos deixados vagos pelo antigo titular da selecção das quinas.
Situação macabra aconteceria posteriormente, quando Vítor regressou ao clube, ainda fragilizado por umas más épocas sob o comando de Van Gaal. Também ele teria que exorcizar o seu próprio fantasma. Um combate épico travou-se na mais alta torre da fortaleza das Antas, entre o Baía do presente e o Baía do passado, o Baía-real e o Baía-espectro. Depois de um início de combate duro, o verdadeiro Baía acabou por vencer e convencer os adeptos de que estava de volta… ou será que quem acabou a defender as redes dos dragões foi uma alma penada de um jogador que, outrora, foi craque?
Voltando à teoria, resolvi renomear o acto de “exorcizar o fantasma” como “Efeito-Sombra”, pois o jogador estará sempre coberto pela sombra do antigo jogador até o conseguir fazer esquecer.
Quando um influente e famoso jogador sai de um clube, apresenta-se ao treinador a difícil e delicada tarefa de contratar nova mais valia para ocupar o lugar vago. Esta situação é muito sensível, pois o nível de exigência imposto à nova coqueluche é enorme. Ele terá a missão de, ao entrar em campo, “exorcizar o fantasma” do antigo craque. O jogador pode ser muito bom, mas se não conseguir fazer esquecer o seu predecessor, então a sua carreira no clube estará comprometida.
O maior exemplo desta situação aconteceu nas Antas, quando Vítor Baía abandonou o clube para ir jogar na Catalunha. O fantasma era gigante e intimidador. Diversos bravos guerreiros entraram nas masmorras das Antas de arma em punho dispostos a exorcizar o espectro de Baía. No entanto todas as tentativas saíram goradas, tendo o fantasma ceifado meia dúzia de carreiras.
Wozniak, internacional polaco, Lars Eriksson, Rui Correia, Pedro Espinha, Ivica Kralj e Costinha, todos eles tentaram sem sucesso calçar os grandes tamancos deixados vagos pelo antigo titular da selecção das quinas.
Situação macabra aconteceria posteriormente, quando Vítor regressou ao clube, ainda fragilizado por umas más épocas sob o comando de Van Gaal. Também ele teria que exorcizar o seu próprio fantasma. Um combate épico travou-se na mais alta torre da fortaleza das Antas, entre o Baía do presente e o Baía do passado, o Baía-real e o Baía-espectro. Depois de um início de combate duro, o verdadeiro Baía acabou por vencer e convencer os adeptos de que estava de volta… ou será que quem acabou a defender as redes dos dragões foi uma alma penada de um jogador que, outrora, foi craque?
Voltando à teoria, resolvi renomear o acto de “exorcizar o fantasma” como “Efeito-Sombra”, pois o jogador estará sempre coberto pela sombra do antigo jogador até o conseguir fazer esquecer.
ANTI - RATOEIRA TÁCTICA NÚMERO 1: O “EFEITO – SOMBRA”
Trata-se do traumático síndrome do pai-famoso (só que sem o pai), em que a nova contratação é inevitavelmente comparada ao jogador-mito que está encarregue de fazer esquecer. Trata-se de um efeito extremamente nefasto quer para a equipa como um todo, quer para o jogador em questão, daí ser uma anti-ratoeira táctica.
Remédio santo para o efeito-sombra
Trata-se de uma solução bastante simples. No entanto, como a maior parte das grandes soluções, por detrás da inerente simplicidade está uma genialidade que só está ao alcance de alguns misters.
Vou usar um simples exemplo. Com a transferência de Krassimir Balakov do Sporting para o Estugarda, criou-se um enorme vazio nos corações leoninos. Era necessário um novo número 10, um regista com pés mágicos e visão de jogo apenas comparável a Mário Artur e Amaral*.
No entanto, não foi o único a abandonar o clube… nessa mesma época também saíram Luís Figo (trata-se de um caso semelhante, cuja mesma solução pode ser aplicada), Pacheco, Capucho e Chiquinho Conde, entre outros.
Vou aqui tentar recriar a conversa entre Carlos Queiroz e Roberto Assis, contratado para substituir o número 10 búlgaro. O brasileiro irmão de Ronaldinho Gaúcho viria a ser novamente emprestado nessa época, provavelmente devido à não utilização deste método. No entanto, imaginemos:
CQ: Olá, Assis, é um prazer ter-te aqui no clube, e só te desejo uma fácil integração para começares a dar alegrias aos sócios o mais cedo possível.
RA: Obrigado, mister. No entanto, o peso de substituir o Balakov me pesa forte sobre os ombros.
CQ: Quem te disse isso? Não te preocupes, pá! Tu vens é substituir o Capucho.
RA: O quê? Você está falando sério? Então quem foi contratado para substituir Krassimir?
CQ: O Ouattara. Mas ele tem uns ombros maiores que a Grande Muralha da China, por isso acho que vai aguentar com a pressão.
RA: Mas eu pensava que o Ahmed vinha substituir o Chiquinho Conde, dado as parecenças físicas e futebolísticas…
CQ: Oh! Não sejas tonto! Quem vem substituir o Chiquinho é o Afonso Martins, que também é baixinho.
RA: Obrigado mister, você é demais.
CQ: Eu sei… se não quiseres substituir o Capucho, a sombra do Pacheco ainda está disponível, e assim metíamos o Vidigal na vaga do Capucho, mas isso já é contigo.
Com este simples exercício de manipulação mental, o treinador teria facilitado muitíssimo a vida do novo reforço, desbravando caminho para que ele exprimisse todo o seu futebol no relvado. Trata-se de uma ratoeira-mentalotáctica:
Fica aqui provada uma coisa: tal como existe uma reacção para cada acção, também existe uma anti-ratoeira para cada ratoeira. Trata-se, no entanto, de um processo delicado que exige, por parte do mister, uma grande capacidade humana e sensibilidade no limite da heterossexualidade.
Trata-se de uma solução bastante simples. No entanto, como a maior parte das grandes soluções, por detrás da inerente simplicidade está uma genialidade que só está ao alcance de alguns misters.
Vou usar um simples exemplo. Com a transferência de Krassimir Balakov do Sporting para o Estugarda, criou-se um enorme vazio nos corações leoninos. Era necessário um novo número 10, um regista com pés mágicos e visão de jogo apenas comparável a Mário Artur e Amaral*.
No entanto, não foi o único a abandonar o clube… nessa mesma época também saíram Luís Figo (trata-se de um caso semelhante, cuja mesma solução pode ser aplicada), Pacheco, Capucho e Chiquinho Conde, entre outros.
Vou aqui tentar recriar a conversa entre Carlos Queiroz e Roberto Assis, contratado para substituir o número 10 búlgaro. O brasileiro irmão de Ronaldinho Gaúcho viria a ser novamente emprestado nessa época, provavelmente devido à não utilização deste método. No entanto, imaginemos:
CQ: Olá, Assis, é um prazer ter-te aqui no clube, e só te desejo uma fácil integração para começares a dar alegrias aos sócios o mais cedo possível.
RA: Obrigado, mister. No entanto, o peso de substituir o Balakov me pesa forte sobre os ombros.
CQ: Quem te disse isso? Não te preocupes, pá! Tu vens é substituir o Capucho.
RA: O quê? Você está falando sério? Então quem foi contratado para substituir Krassimir?
CQ: O Ouattara. Mas ele tem uns ombros maiores que a Grande Muralha da China, por isso acho que vai aguentar com a pressão.
RA: Mas eu pensava que o Ahmed vinha substituir o Chiquinho Conde, dado as parecenças físicas e futebolísticas…
CQ: Oh! Não sejas tonto! Quem vem substituir o Chiquinho é o Afonso Martins, que também é baixinho.
RA: Obrigado mister, você é demais.
CQ: Eu sei… se não quiseres substituir o Capucho, a sombra do Pacheco ainda está disponível, e assim metíamos o Vidigal na vaga do Capucho, mas isso já é contigo.
Com este simples exercício de manipulação mental, o treinador teria facilitado muitíssimo a vida do novo reforço, desbravando caminho para que ele exprimisse todo o seu futebol no relvado. Trata-se de uma ratoeira-mentalotáctica:
RATOEIRA MENTALOTÁCTICA NÚMERO 1: O “ANTI EFEITO-SOMBRA”
Nunca dizer à nova coqueluche do clube quem é que ele veio realmente substituir no coração dos adeptos, sob o risco de sub-rendimento provocado por um peso tremendo sob os ombros, ou excesso de sombra.
Fica aqui provada uma coisa: tal como existe uma reacção para cada acção, também existe uma anti-ratoeira para cada ratoeira. Trata-se, no entanto, de um processo delicado que exige, por parte do mister, uma grande capacidade humana e sensibilidade no limite da heterossexualidade.
*Referência ao alargado ângulo de visão de ambos os jogadores, presente no post "Acho bem que tenhas uma boa razão para esse cabelo - O Drama dos Maus Penteados."
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