Friday, March 23, 2007

O Drama do clã Gregório – Equívocos com nomes no futebol

Ao longo dos anos, muitos nomes infelizes passaram pelos nossos relvados. Jogadores cujos apelidos ou alcunhas faziam as delícias dos elementos mais gozões de qualquer plantel.

Vamos aqui fazer um pequeno exercício mental. Não vou pedir ao leitor para fechar os olhos, pois não faria sentido, dado que precisa deles abertos para ler. Pode, no entanto, semi-cerrar os olhos, como se estivesse numa tempestade de areia, ou fechar apenas um olho, desde que não cite Os Lusíadas.

Agora imagine-se no balneário do União de Leiria na época de 95-96, antes de um jogo contra o Felgueiras do tridente tobaguenho Lewis-Earl-Clint, comandado pelo gentlemen Jorge Jesus.

O defesa esquerdo do clube do lis, Álvaro Gregório, jogador com créditos firmados no principal escalão nacional, vive num pesadelo. Época após época é gozado de forma esmagadora pelos seus colegas. Desta vez é Paulo Duarte, genro do presidente do clube e, como tal, titular absoluto, que faz troça de Álvaro: “Epá, ontem comi um Kebab que me caiu mesmo mal… fui três vezes ao Álvaro”.

O mister Vítor Manuel, cujo boné faz parte integrante da sua anatomia, continua o massacre: “ok pessoal, quero ver tudo a dar o máximo em campo. Não parem até sentirem o Álvaro a subir-vos pela garganta!”.

Os estrangeiros da equipa, Miroslav (o marcador de penaltis) e Tahar El Khalej (o marcador de pitons em pernas), devido às evidentes dificuldades com o idioma luso, quando se referiam ao lateral utilizavam aquilo que achavam ser uma alcunha carinhosa, “Buahhh!” *.

Muitos especialistas apontam esta como a principal razão para o eclipsar da carreira de Álvaro, outrora visto como dos mais promissores pés esquerdos do nosso futebol.

*som provocado pela acção regurgitante.


Trata-se de um drama apenas comparável ao de outro defesa português… duas épocas antes a mesma graçola era aplicada a Rui Gregório no balneário do Setúbal. Trata-se de situações que normalmente não saem dos balneários, mas que importa denunciar. A diferença foi que Rui era central, mais forte não só física, mas também mentalmente, pelo que suportou bravamente a galhofa dos colegas de balneário.

Tinha também o desconto de dividir o balneário com outros mitos como Hélio (está ainda por confirmar se o nome está relacionado com o timbre da voz), Pica ou mesmo Rosário (um famoso rato atómico).

Isto para não falar nos equívocos a que estes nomes caricatos por vezes davam origem. Trata-se de mais uma aplicação do famoso corolário «a língua portuguesa é muito traiçoeira».

Vítor Manuel berrava no treino: “Álvaro Gregório!”, respondendo o visado: “outra vez mister? Até já vi o guisado de ontem!”. Vítor Manuel ficava estupefacto sempre que o seu pupilo lhe vinha implorar para parar, com uma cara pálida a roçar o transparente, e erguendo o punho mostrando no mesmo a prova incontestável que a bílis havia saído, que o demónio havia sido expurgado com êxito.

Regressando a Setúbal, mas umas épocas depois, não foram raras as vezes que o mister Quinito acabava os treinos com quilos de tábuas a seus pés, após muito incentivar o seu guarda-redes Marco.


Acho que os exemplos apresentados atrás são mais do que prova do drama a que alguns atletas são sujeitos diariamente. Assim, escuso de contar as tragédias gregas de Pedro Espinha, Penteado, Paulo Alves (o treinador da altura, Waseige, não exibia um português fluido, pelo que o chamava por Paulo Aves…), Néné Santarém (neste momento em tribunal como principal réu do caso "aquecimento global"), Quim Machado, Paulo Madeira e, principalmente, Paulo Torres.

1 comment:

Anonymous said...

Alfredo Bóia...